sábado, 7 de fevereiro de 2009

Impura, oprimida, castigada, cativa


Impura, oprimida, castigada, cativa, infeliz, ignorante, vergonha das conquistas das mulheres.. É assim que normalmente somos vistas. Somos as mulheres oprimidas dos grandes outdoor que estão pelo mundo, somos aquelas que proporcionam a venda dos grandes best-seller, sobre a vida oprimida da mulher muçulmana, também somos aquelas sedentas por serem libertadas. Essa é a visão que normalmente nos lançam, que lançam sobre a mulher muçulmana.




Como as pessoas podem perceber eu uso um hijab, um pano que cobre a minha cabeça, simbolo este que o Ocidente normalmente vê como “opressão”. Normalmente quando digo que uso porque quero, as pessoas olham com incredulidade, vem a frase pronta “este discurso de escolha é usado para encobrir o politicamente correto, a obrigatoriedade imposta. É incrível como nos mulheres nunca temos razão.. rsrsrs. Mesmo quando gritamos o que pensamos, com certeza “não sabemos o que estamos a dizer”, e isto vem tanto de homens como de mulheres.

Eu particularmente já ouvi todo o tipo de absurdos sobre minha vida, e as perguntas que recebo refletem justamente isto, a visão deturpada que disseminou-se sobre a mulher islâmica.

Normalmente quando ando pela rua, as pessoas olham com desconfiança. Uma mulher muçulmana que caminha pelas ruas dos Estados Unidos por exemplo, com certeza em algum momento sera parada e questionaram se ela esta fugindo da guerra, se ela não quer que chamem a “anastia”, mulher muçulmana é sinonimo de mulher ignorante e oprimida. E digo, isto não condiz com nossa realidade, queira acreditar ou não. Anos atrás, eu ainda me preocupava por as pessoas não acreditarem quando eu dizia que era uma mulher comum, que não estava sofrendo maus tratos, hoje, cada um pense o que bem entender. Só posso falar, cada um entenda o que quiser. Porque nós cansamos de repetir mil vezes a mesma cousa.

A mulher muçulmana desperta uma piedade generalizada, e isto esta estabelecido, quando tentamos mostrar o contrario, obviamente não convém. E bom deixar a mulher muçulmana desta forma. Nos não negamos que temos nossos problemas, nós não negamos que a mulher muçulmana em muitos lugares vive uma situação extremamente difícil, mas não pode-se achar que tudo é somente isto, que nossa fé é culpada por costumes tribais, culturais e de uma sociedade machista.

Usa-se o islamismo, que é uma religião qual a base é o amor, para legitimar as maiores atrocidades, e isto é errado. Muçulmanos ignorantes lêem o Nobre Alcorão isoladamente, de forma errada e com isto justificam seus posicionamentos mais sórdidos. Uma amiga muslim, a poucos dias atras disse-me uma frase “muçulmanos brasileiros em sua maioria, são grandes piadas”, e realmente infelismente muitas vezes o são. Allah colocou que nós mulheres somos iguais aos homens, de inestimável valor, que devemos buscar o conhecimento, que devemos nos aperfeiçoar, que devemos buscar médicos, cientistas para sanar nossas duvidas, questionamentos. E muitos querem nos negar isto.

Nos mulheres muçulmanas, NÃO SOMOS PROPRIEDADE DE HOMEM ALGUM. Nós não somos animais prontos para acasalar quando seu dono definir, não somos objetos, nem animais que somente precisam beber e comer. Realmente pessoas não muçulmanas tem uma visão deturpada e ruim da mulher muçulmana, do islamismo. Eu me pergunto ate que ponto nos jogamos a culpa sobre estas pessoas e excluímos a nossa. Muitas vezes nós gestamos o machismo, a violência. Eu não sou um brinquedo, nem objeto, a bel prazer de ninguem.

A visão da mulher, da mulher islâmica, pobre e indefesa, existe e é conveniente para muitos. Estas generalizações não abrangem o que somos de verdade. As pessoas se surpreendem quando digo que sou árabe, estudei no Libano, na França, na América, sou uma administradora, estou a frente dos negócios de minha família, e somos todos muçulmanos. A face de espanto aumenta ainda mais quando digo que não sou casada, nem quero ter filhos agora, pois sou dona de meu corpo e minha vida e decido o que é melhor para mim. E que isto vai acontecer quando eu decidir que devo.

Meu pai uma vez me disse: Nunca deixa que lhe digam que você não vale nada, que não tem valor. A vida é sua, cuide dela, seja uma boa pessoa, não julgue e seja feliz! E é isto que faço.

Se conhecermos mais sobre o universo da mulher muçulmana, estas faces de espanto diminuíram, pois são inúmeras as historias de muçulmanas que lutam, trabalham, fazem suas escolhas conscientemente, tem seus filhos, maridos, e estas não estão nos cartazes e nem nas grandes livrarias.


Conhecer, para decidir, para mudar e para escolher.


Nadhirra


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